domingo, 12 de fevereiro de 2012

Descansa no meu colo tua cabeça de mulher







Descansa no meu colo
tua cabeça de mulher
Deixa que eu seja teu pai,
ainda que por um instante.
Vivamos o parto às avessas.

Eu, que sou teu filho,
por ora quero ser teu pai.
Só para ter o prazer de
te ver menina tão cheia de sonhos.
Só pra puxar os teus cabelos
e nele colocar laços bordador de alegrias.

Cores de tempos antigos, distantes,
quando nem imaginavas que um dia e seria o teu filho.
Fica quietinha por aqui
Permita que eu cuide de tuas coisas,
teu guarda-roupas tão cheio de desordens,
não importa.

O remédio eu te trarei,
teu alimento eu plantarei, e ajeitarei
o teu travesseiro de um jeito que gostes,
Só para descobrir a alegria
de reverter a ordem dos fatos.
Só para ter a graça de te chamar de
minha filha,
minha menina,
minha "Nathalinha".
Só para ter a graça de evitar teus
choros futuros,
tuas dores constantes,
teus medos tão delicados

Medo de me perder,
de que eu morra antes da hora,
e de que não esteja por perto no
momento em que eu precisar de
tua mão, como passado,
quando me conduzias contigo,
como se fossemos um só, um nó de gente,
amarrado e costurado.

Amor que Deus esqueceu no mundo e eu vi de perto
quando o sofrimento entrou pela janela
da tua casa, e mesmo vendo partir as carnes que nasceram de teu ventre,
o teu olhar me encorajava a não desanimar da vida.
E juntos, seguimos atados pela estrada,
que é feita de sonhos,
de tristezas e de risos.



Padre Fábio de Melo

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